
1991- Movimento Rap (Coletânea), Rithym And Blues
1992- A Nação Quer A Verdade (LP), TNT Records
1994- Metamorfose (LP), TNT Records
1997- O Poder Da Transfomação (Coletânea), Paradoxx Music
1998- Linha De Frente (Coletânea), Nosso Som
1999- Espaço Rap 105 Fm Ao Vivo (Coletânea), Zâmbia
2000- Veja Como É Bom (single). Pá E Pum/ Porte Ilegal
2004- Revolução Social Silenciosa, Independente
Por essas e outras esse encontro é um dos mais esperados pela maioria dos internautas que nos acompanham. Estamos aqui com ninguém menos que ele, Neno! O rapper e letrista do grupo Duck Jam & Nação Hip Hop.
Central Hip-Hop (CHH): Neno, qual é a formação do Duck Jam & Nação Hip-Hop hoje?
Neno: O Duck Jam & Nação Hip-Hop hoje vem com meu amigo eterno Duck Jam – Dj Duck Jam, produtor; Nego Jam – que pra gente é Fabiano, e que vêm acompanhando a gente desde o inicio também, dançava naquela época e tal com a gente, 16 ou 17 anos; Eu, já calejado e o Pretinho 13 – PJIUSAN que posso chamar de moleque né?, moleque que ele vem também acompanhando, na época ele tinha uns 8 anos de idade ele acompanhava nossos ensaios lá, é adorador do Hip-Hop, ta junto com a gente.
CHH: Vocês estão voltando a compor e a fazer shows depois de 5 anos do “Revolução Social Silenciosa” como tem sido esse retorno pra você, principalmente aos palcos?
Neno: Acho que a maior dificuldade é o palco, porque é o frio na barriga, a cada instante que você sobe você sente o frio na barriga. Mas, fora o “Revolução social silenciosa” que eu não participei ativamente, eu comecei no projeto e depois eu não fiz parte ativamente. Acabei saindo e ficou uma voz em uma música só. E em relação ao palco, pra mim é como se eu tivesse começando, ao mesmo tempo em que você quer ser muito rapper, aquele rapper que fala um montão, quer explicar tudo em cima do palco antes de uma música, ao mesmo tempo você quer cantar você quer agradar e não quer errar. Então é uma fase nova, é uma fase de aprendizado. Você fica muito tempo fora você não sabe como que é a recepção, como está a cabeça do pessoal, antigamente a gente sabia, era muito baile a gente tinha idéia de você chegar e mandar a letra. Hoje a informação está muito mais fácil, todo mundo ta tendo acesso, e ao mesmo tempo eu acredito que a juventude hoje é mais questionadora uma parte, a outra parte precisa de mais rap mais consciência, precisa parar, falar e cantar música, não só dançar. A gente tem esses dois lados.
CHH: Neno, o Duck Jam emplacou várias músicas de sucesso, inclusive músicas que são considerados clássicos, é muito diferente o cenário musical de hoje no que se refere a clássicos?
Neno: Eu acho que hoje é impossível um clássico no Hip-Hop, vão ser sempre os mesmos. Acho que o último que teve da cena atual foi o Sabotage. De lá pra cá eu acredito que vai ser muito difícil porque ficou muito fácil fazer Rap. Às vezes não é com muita qualidade, mas ficou fácil, a tecnologia da Internet ta ai então um clássico hoje vai ser extremamente difícil um grupo emplacar mesmo.
CHH: Quem cresceu nos anos 90 com certeza já ouviu pelo menos uma música do Duck Jam & Nação, mesmo assim é difícil emplacar um hit hoje em dia ou é mais fácil que em 92 quando vocês lançaram “A nação quer a verdade"?
Neno: Eu vejo da seguinte forma, a gente tinha rádio antigamente, hoje fica mais difícil à rádio. A rádio é um elemento que impulsiona sua música de uma forma absurda. Agora, a gente tem dentro do Duck Jam uma preocupação muito forte com o refrão, que é tentar sintetizar toda idéia que às vezes você não repara na letra do rap. Então no refrão você tenta passar toda aquela informação, as vezes você consegue, as vezes não. E nós temos essa facilidade de criar refrão e isso eu venho acompanhando, o Niddas tinha, o Gordinho tinha, o Pato tem aquela facilidade de criar uma base que a gente fala assim: “essa vai”, o Fabiano tem um talento que é difícil até falar, o talento dele nato e ele vai ter muito sucesso na vida com o Duck Jam ou sem o Duck Jam ele vai conseguir, o Pretinho ta vindo numa fase ótima que é a parte de levada, que eu sou meio arcaico, eu gosto daquele Hip-Hop mesmo do inicio, ele me ajuda mesmo nessa parte. E a gente tem essa facilidade do refrão, então o refrão ajuda a criar uma coisa que seja agradável ao público, que pegue todas as camadas.
CHH: Vamos falar do trabalho novo... No Myspace já tem algumas músicas inéditas, como que é isso, vocês estão fazendo um disco de inéditas?
Neno: Só inéditas. Só inéditas e tem alguma coisa que a gente ta trazendo do disco “Revolução Social silenciosa” que não foi gravado e que a gente acha importante e ainda é atual.
CHH: Não foi gravado ou não foi lançado?
Neno: É gravado foi e não foi lançado. Então algumas experiências em termos de músicas que a gente fez e que a gente acredita que dê pra unir.
CHH: No final do campeonato da Singela Homenagem “4X4 batidas e Scrathes” vocês fizeram um show em que mesclaram os grandes hits com músicas novas, o público pode esperar por esta mistura do antes e depois pelo menos nos primeiros shows?
Neno: Em todos! Em todos, eu acho que é importante a gente resgatar a história que nós criamos dentro do Hip-Hop nacional e as músicas novas que a gente quer além de divulgar, mostrar o que a gente pensa atualmente. Que a vida é uma mudança constante, vai se transformando e nessa transformação as idéias vão mudando. Às vezes você é meio radical em algumas posições e em outras você consegue mudar. Então eu acredito que a própria música nossa um dia quem sabe, que fala de liberdade, então você tem essa liberdade de pensamento, hoje você acha uma coisa certa amanhã você já não acha. Hoje não, no passado eu era PT, votava no PT, acreditava em todas aquelas bases esquerdistas, hoje eu já não sei. Então hoje eu to definindo, se não meu voto é nulo.
CHH: Eu li outro dia numa entrevista do Pato que no fim dos anos 90 durante a produção você disse que não daria mais, estava meio injuriado com a cena, o que motivou o seu retorno?
Neno: Legal, essa é boa (risos). O que mais me motivou mesmo, além de eu gostar do Hip-Hop que sempre tem várias histórias interessantes, meu sonho na verdade era de ser dj, não era nem ser rapper, eu falo sempre isso pro Pato. Trocava discos com o DJ Hum, com 14 anos eu era Office boy, ele também, daí ele me apresentou o som e tal, Thaide, Corpo Fechado. Foi daí que eu comecei a escrever alguma coisa, mas na base da brincadeira. De cantar, todas as dificuldades, porque Duck Jam & Nação Hip-Hop, nós passamos por uma fase que sabíamos que tínhamos condições de figurar entre grandes nomes da musica popular brasileira, entendeu? Não só do Rap! A gente tinha um time que tinha um talento... Cada um com o seu, mas um talento que a gente ia experimentando novos sons e ia além do que se fazia em termos de Rap, e aquilo tudo você vê, você trabalhar isso ou aquilo, e não gerar resultado e você ficar preso as vezes a uma gravadora, você vê as portas fechadas, a gente sabe que no rap sempre tem as “panelinhas” o que eu também não condeno, porque se eu tiver aqui com o pessoal meu e chegar em uma gravadora grande eu vou trazer o pessoal que ta mais próximo do que o que tem mais talento. Então essas dificuldades vão minando e você precisa também trabalhar um território, que você sabe que tem que se dedicar no Hip-Hop. E isso cansa, vai gerar desanimo em um e outro... A hora que vê parou. E hoje é por prazer e saber que a gente tem condições e fazer um Hip Hop bom, e saber que a nós passamos ai, durante não sei se 10 ou 5 anos, o Rap ficou “a quem”, depois do Xis eu não vi, quem assumiu ai foi o D2, ele faz o som dele só que o pessoal que faz rap da antiga ou da nova não tem espaço, e eu acho que a gente pode colaborar com isso, abrir essa porta.
CHH: O Duck Jam sempre teve a característica de ser dançante, essa sempre foi uma preocupação de vocês?
Neno: Música eu acho que é feita pra dançar, pra ouvir e pra dançar né, BPM é importante, eu gosto de música na manha, mas eu gosto de música dançante. E isso pra gente equilibrar uma boa idéia, uma boa letra, eu acho que dá pra gente fazer aquela mistura e deixa agradável ao público. Não adianta você fazer música só para você, tem que fazer para os outros.
CHH: Neno, vocês tem previsão de lançamento do trabalho novo? Em que processo da produção vocês estão?
Neno: Faz um ano que a gente ta no estúdio, nós conseguimos trabalhar 5 músicas, e a gente ta finalizando mais 5. Ta bem avançado. É um disco que a gente não tem nome ainda...
CHH: Essa era a próxima pergunta... Neno: (risos) Então já vai anotando. A gente não tem nome, ele não vem assim com um propósito de falar de um determinado tema que é esse que vai mandar no disco todo. Positivismo sempre, mas rola umas idéias pesadas também, algumas criticas fortes sociais. E a gente espera terminar em meados de Outubro. Na segunda quinzena de Outubro.
CHH: Qual que é o critério para vocês colocarem um nome no disco? Até por que o Zeca Baleiro, astro da MPB, faz o título do disco antes do disco. Ele primeiro cria o título, ou seja, a razão daquilo existir e depois ele faz o disco. Como é o critério de vocês para escolher o nome?
Neno: Então, por isso que eu respondi a anterior. O “Revolução Social Silenciosa” ele já tinha um propósito, até por tudo que tava passando o Niddas, que eu tava passando na vida e o Hip-Hop tava passando, então a gente queria fazer essa revolução musical como o “Metamorfose”. O “Metamorfose” também tinha um propósito. Agora, esse novo, nós estamos mais musical. Vamos fazer música, não vamos nos prender a nada, não vamos ter nenhum propósito, e na hora que a gente finalizar a gente escolhe o nome do disco. Ai fala assim vai ser o “Sei lá”, ou vai ser o “Não sei”, ou vai ser de novo o “Tamo aí”, vai ser alguma coisa nesse sentido.
CHH: Neno, aqui sempre fica um espaço para que você diga o que nunca disse numa entrevista antes, fique a vontade para protestar ou mandar um salve ou um recado!
Neno: Tudo o que eu não falei em nenhuma música, mas eu vou falar um dia? Putz, você me pegou agora! (risos) Eu vou falar tudo o que eu penso da vida, vamos ser feliz! Não sei cara, você me pegou! (risos). Viva a vida, tudo de bom pra todo mundo, sem preconceitos, sem preceitos! Pra todo mundo que tenha isso em mente, seja feliz. E sem barreira, ser irmão. É aquela idéia que hoje todo mundo trás, a gente só tem uma vida, então vamos procurar curtir ela da melhor forma possível. Em equilíbrio!

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