O beatmaker Cyber em entrevista para o Coletivo MTV em 11/11/09

Para o bom músico ou ouvinte de mente aberta a diferença entre Jimmy Luv, Bonde do Stronda e Gutierrez se resume apenas no estilo musical, por isso Tiago Sperb Machado o Cyber, tem sido ponte para esse encontro. Cyber usa um teclado M-Audio e evita samplers, estudou na escola Palestrina e toca: teclado, bateria, violão, baixo e guitarra, o que o torna um músico singular.

Cyber criou temas para o programa Brothers (quadro MC Rapporter) – Rede TV, e além da enorme repercussão de “Fogo e Fumaça” do rapper Gutierrez, Cyber também produziu Arcanjo RAS, Paulo Napoli, Rapper Dogg, Mr. Shock, DG, entre outros. Tem adquirido destaque na cena e na rua, e é claro que está aqui no Coletivo MTV para falar dos bastidores da música, onde nascem os sons, a produção musical.

RM: Cyber, você já produziu coisas como Bonde da Stronda, Paulo Napoli, Rapper Dogg e recentemente a boy band do Raul Gil BKW. Quais são suas referências musicais?

Cyber: Cara, minhas referências musicais vão de Cannibal Corpse a Backstreet Boys, de Peter Tosh a Sampa Crew, de Manu Chao a MC Marcinho, de Sex Pistols aos artistas da Bad Boy.... rs

Eu gosto de praticamente todo tipo de música, mas prefiro a música mais objetivas. Por exemplo, prefiro o Punk Rock do Ramones do que as firulas do Led Zepellin. Prefiro os beats do Dr.Dre, RedOne, e Scott Storch do que DJ Premier, J.Dilla e 9th Wonder. Acho mais cheio, mais forte, mais objetivo! Mais legal! Mas isso não quer dizer, que, por exemplo, quando eu pego a guitarra, não goste de tocar “Johnny Be Good” do Chucky Berry. Entende o que to falando?

Sobre produzir artistas tão distintos entre si, cara, eu sou músico, eu gosto de música, eu não to aqui pra discutir que o fulano é playboy, que o ciclano veste camisa rosa, ou que o beltrano fala muito palavrão em sua letra. Eu to aqui pra fazer som! Cada artista tem seu público e seu objetivo. É o meu trabalho, eu to muito feliz com isso, e só tenho que agradecer a Deus por este momento de minha vida.

RM: Como surgiu a musica “As Ruas Sabem” do rapper Jesuri, que está preso desde 2007, e o que é a campanha FREE Jesuri? Fale um pouco disso!

Cyber: Mano Jesuri tá lá desde 2007. Meu mano Ministro (salve Cupula 12!) me mostrou algumas acapelas e surgiu a parada de eu fazer o 1º som oficial do Jesuri. Escutei a acapela (1º estrofe do som), mudei um pouco a ordem...peguei o teclado, criei o arranjo, joguei a acapela.. gostei! Criei a melodia do refrão, o Lucas Vox deu um up, gravou. E pensei que os parceiros da banca do Jesuri (Ministro e Bispo), puderiam estar no som. Assim aconteceu, fizeram a 2º estrofe, gravaram, e foi pra rua. Bombou, Jesuri escutou e ficou louco! Graças a Deus geral curtiu, e ta apoiando. Lá em Gravataí, o som ta nas ruas já faz um tempo e teve muito retorno, isso foi demais. E assim, o Ministro iniciou a campnha FREE Jesuri. Som nas ruas, adesivos nos carros, camisetas... a parada ta muito loca! Jesuri, muito respeito! É nóis sempre!

RM: Para finalizar, como anda a cena da produção no Brasil?

Cyber: Da hora! Eu não me considero um produtor musical, e sim, um beatmaker. Mas aí, no Brasil tem muitos beats bons! Gosto de várias produtores aí, mas em especial, Joeblack, Mag e Dichinelo, mandam muito! DJ Martins e o Nave, apesar de não ser do meu estilo, são muito talentosas, tem uma forma de produzir fantástica, e deixam o som como eu gosto, objetivo, a parada legal de curtir mesmo. Admiro mesmo. A cena ta boa. Muita gente inovando, pra evoluir! Evolução, mente aberta, essas são as palavras!