
DJ nascido e criado em Osasco - SP, iniciou sua história musical nos anos 90, foi integrante da família RZO, mas foi na banda Charlie Brown Jr. que se tornou conhecido do grande público, mas e hoje? Onde estará Anderson Franja? Vamos até Balneário Comburiu – SC para trocar uma idéia com um dos DJs mais consagrados da nova geração;
Salve Dj Anderson Franja, em primeiro lugar,Muito respeito e consideração!
Franja, é tanta coisa que eu (Rodrigo Mendonça) nem sei por onde começar! Afinal uma carreira que começou lá no inicio dos anos 90 e com tanto sucesso, acho bom a gente tentar passar pra galera pelo menos o principal (risos).
Você passou pela Família RZO e depois pelo Charlie Brown Jr. e como você mesmo diz, já “provou da fama” como foi participar de uma das bancas mais renomadas do rap e depois de uma das bandas de mais sucesso no rock nacional?
Dj Anderson Franja - Gostei dessa questão, ótima pergunta “my nigga”, A real é que infelizmente ainda existe “separativísmo” por parte de alguns hermanos, e isso é triste. Em relação à banda C.B.JR, na época eu fui criticado, julgado e condenado culpado, por ter “jogado no time contrário” (segundo o tribunal de certos manos) que não pagam minhas contas e nem vivem minhas neuroses, meu caso foi mais ou menos parecido, com críticas do tipo: “Ahhhhh, o Xis ta na casa dos artistas, Powtz o Pregador Luo participou de uma faixa do Cd do KLB, bahhh o Sabotage tem uma música gravada com a Banda Sepultura, xiiiii o Helião do RZO virou a casaca e agora é Pop.” (risos)
Tudo bem, tudo bem, tem certas coisas que o dinheiro não compra mesmo, e eu também não sou louco né mano? Mas eu sempre digo: “O que está à venda é a arte, e não o artista” Por isso a arte ainda existe, ela nos dá frutos ué!!! Através do artesanato, das lindas canções e das grandes pinturas, enfim, o povo compra. Liga aqueles caras que ficam ali no centro, na Praça da Sé? Tipo desenhando caricaturas de uma par de gente que aparece do nada? E o maluco não faz perfeitamente a cara do fulano? Então! Os moleques no semáforo fazendo malabarismo, etc... De onde vocês acham que eles tiram dinheiro para sobreviver? Por isso a arte ainda vive, o povo gosta e ela nos dá frutos. Agora, quando o artista se vende a coisa muda de figura, ele acaba perdendo a liberdade e o prazer por ela, matando sufocado pelas notas de $100 o dom que herdou quando nasceu. Por isso eu canto em um trecho de uma musica da Banda Contravenção: “Anderson Franja, aquele que provou da fama, to por amor e não por grana, então desencana”. Quando eu falo isso eu estou me referindo ao pouco tempo que estive no C.B.JR. Provei da fama, só isso (risos). E hoje aos 33 anos eu olho no retrovisor da vida e dou graças a Deus por ter tido esse contato com uma banda de grande porte como a dos caras (primeira formação). Isso só veio acrescentar no meu profissional, abrindo minha mente para novas idéias, ano que vem se completa uma década, talvez eu ligue o Chóris pra comemorar com um xurras na laje da casa do Helião.
Nossa 10 anos já, e parece que foi ontem. Eu sou do tempo em que o RZO ensaiava num quartinho embaixo da escada, ou às vezes na casa do “Jairo” (cartel Z.O.) ali na pedrinha 13 anos atrás. Eu posso afirmar que 80% da minha formação musical e moral se desenvolveram a partir de quando eu conheci o Helião Sou filho único de mãe solteira então tudo o que eu aprendi na vida foi na rua mesmo, e eu tinha no Helião essa figura paterna naturalmente influenciava na minha formação social. Vivia preocupado com nossa saúde pedindo pra gente parar de fumar cigarros, dizia pra gente se alimentar bem e parar com as noitadas.
Tem um fato que toda vez que lembro não me agüento (risos) o finado Sabotage acordava muito cedo, tipo 6h30 da manhã ele já tava de pé. Então é óbvio que lá pelas 23h30, meia noite, ele já tava no prego (Risos) e era justamente lá pelas 23h30, meia noite, o horário de saída da casa do Helião para os shows (dependendo do local) Então cada um se acomodava no seu devido lugar na van, o Sabota sempre ia na janela ao lado trocando muita idéia e dixavando os moio. ”Wu Tang Clan”com o som no talo e como era de praxe, 15 minutos de viagem o Sabota já tava de bode dormindo e batendo a cabeça no vidro da van (risos). Ele sempre caia por cima do Hélio, tipo no ombro, e o Helião meio que dava umas cutucadas com o ombro, assim para Sabota acordar, mas ele não acordava, no máximo abria o olho e virava para o outro lado batendo a cabeça no vidro... Os caras falando alto por causa do som que tava no talo, maior barulho no Bond..dae o Hélio olhou pro Sabota, assim uns 10 segundos depois olhou pra mim e disse - Nossa!!! com esse escândalo que os caras tão fazendo aê, ainda mais esse som alto do jeito que tá e mesmo assim ele consegue dormir... se eu por uma melodia do “All Green” e todo mundo ficar em silencio o Sabotage entra em coma (risos)!. O Helião sempre foi assim divertido, otimista e solidário, ajudou muita gente a sair do anonimato. Além de mim, tem o D.B.S, Negra li, finado Sabotage, Marrom, Nego Wando e Calado que formam hoje o U-time juntamente com o Pixote entre outros. Aprendi muita coisa boa com o RZO.
Rodrigo Mendonça - Anderson Franja, recentemente a banda E.A.E JOW estreou no radio, fale um pouco dessa mistura com o reggae, como surgiu a idéia de unir os dois estilos?
Dj Anderson Franja - Esse projeto foi idealizado e intitulado por Claudio Salles, que conheci através de um amigo incomum, que é “Rubens Vaz Muller“, há mais ou menos três anos. O Claudio me mostrou os projetos (Musicas) e foi direto ao assunto. Mas quando eu o questionei sobre a formação da banda, ele me respondeu: “Não tem banda” (Só um baixista e um percursionista, e deu uma risadinha assim ”hehe”. Foi ai que eu me convenci de que ele precisava de um DJ no projeto (risos). Eu imaginava um show do tipo, ‘dois na linha e um no gol’, estilo Bebeto e Romário. Já que a banda não tinha DJ, achei que um de performance seria a solução, DJ de performance sempre salva (risos). Mas ele queria algo de grande porte, até porque ninguém aqui é marinheiro de primeira viajem, e o Claudio tem uma certa trajetória e não ta de chapéu atolado na situação. Não só na minha opinião, mas o Salles, além de ser um ótimo compositor, interpreta a música com muito sentimento, além do mais o cara é um puta produtor, tem visão de mercado, enfim, um artista completo, só precisa perder uns quilinhos (risos).
Depois de escutar o material com calma eu simplesmente abracei a causa, vesti a camisa, arregacei as mangas e fui atrás da banda perfeita (assim como o D2 atrás da batida). No nível do Claudio, não podia ser qualquer músico, então eu liguei pro melhor baixista que eu conheço “Dan Levadas“. Resumindo, expliquei a situação e ele topou, mais adiante ele chegou com o “Fe Siqueira”, para fazer um teclado. Na seqüência o Fe envolveu o “Paul Electro” (cabelo), e o cabelo mais pra frente trouxe o “Thiago Grillo”na percussão, e caldo engrossou. (risos).
O antigo percussionista, o Renato, tem um conhecimento em instrumentos de corda e já mudou da percussão para a guitarra base. O Claudio fechou com o “David Del Groove” na bateria, então a cozinha estava formada. Como empresa tem um departamento administrativo, em uma banda também não é diferente. Foi ai que eu tive a idéia de convidar o “Biririko Nothing More” pra fazer a parte executiva e administrativa.
A banda E.A.E JOW fechou nessa formação, é claro mais os metais de apoio e backing vocais. Dai por diante foi só fazer mais uns ensaios e pronto, todo mundo entrosado. Falando assim parece fácil, mas não é, ainda mais reggae que tem de enxugar ao máximo. O legal que a linha de vocal vem no estilo reggae in Love, muita influência de Black Music. Graças a Deus nós tivemos ótima aceitação da parte do público em São Paulo e acredito que aqui no Sul não será diferente, logo mais o pessoal vai poder conferir a Banda E.A.E JOW em todo o Brasil. Eu tenho fé.
A entrevista com Anderson Franja continua na próxima semana...
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